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O Coletivo Educador Piracicauá busca ampliar e efetivar ações conjuntas que possibilitem sinergia de recursos e competências pessoais e institucionais, voltadas para a sustentabilidade das bacias do município de Piracicaba. Algumas instituições participantes: Laboratório de Educação Política e Ambiental/OCA – ESALQ/USP; Imaflora; Iandé Educação e Sustentabilidade; USP RECICLA - ESALQ/USP; Instituto Terra Mater/Ponto de Cultura Educomunicamos; Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba – NEA; Secretaria Municipal de Educação de Piracicaba - Centro Rural de Educação Ambiental “Dr. Kok”

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Uma onda invade Piracicaba – Movimento das Cidades em Transição


Antes da onda…

Desde que cheguei a Piracicaba, tive a oportunidade de participar de várias atividades socioambientais interessantes, articuladas por diversos organismos locais, cada uma delas com diferentes graus de impacto, mas todas proporcionando experiências super enriquecedoras. Porém, o que estas atividades mais me proporcionaram foram amigos. Amigos super engajados e com trabalhos fantásticos desenvolvidos pelos grupos dos quais eles participam. Tive, também, a oportunidade de notar que apesar destes grupos locais terem filosofias e metodologias próprias, seus objetivos são muito parecidos (apontando para a construção de uma sociedade mais justa e harmônica, com igualdade, respeito à natureza, entre outras inúmeras similaridades). E este não é um desejo exclusivo das organizações do terceiro setor ou dos empreendedores sociais, mas de uma grande parcela da sociedade. Fiz muitos outros amigos que gostariam de dedicar sua energia e doar suas habilidades na construção deste objetivo comum, mas não sabiam por onde começar.
Portanto, no cenário socioambiental de Piracicaba, enxergávamos uma vasta coleção de iniciativas interessantes e uma grande quantidade de indivíduos com desejo de engajar-se, mas havia pouca conexão, comunicação ou articulação entre as diversas iniciativas,  onde haviam claras oportunidades para isso.
Esta questão foi pauta de diversos bate-papos, onde percebemos a urgência de se debater estratégias para conectar, comunicar, divulgar todas as iniciativas existentes, além de otimizar e reutilizar essa energia circulante. Era preciso, também, criar mecanismos para aproveitar o desejo de engajamento da sociedade civil, desenvolvendo ferramentas colaborativas/participativas que funcionassem como catalisadores da mudança a partir dos anseios da comunidade local.
Com esta ideia fixa na cabeça, começamos a organizar uma metodologia que apelidamos de “@Rede”, sob o slogan: “Desfiar uma sociedade de consumo competitiva para tecer uma sociedade de abundância cooperativa”.
Pensamos em um movimento, não em uma instituição. Sem proprietários ou propriedades. Um organismo que existiria somente como resultado do fluxo de energia entre seus membros (recursos, informação, comunicação, valores) e que, portanto, não teria corpo próprio, não poderia reter energia ou comandar. Um movimento que criaria um vetor de mudança, como resultado de esforços (muitas vezes independentes) apontados para uma direção comum.
As metas principais desta metodologia seriam:
  • Criar um canal de comunicação e articulação entre todas as iniciativas e indivíduos engajados em causas socioambientais;
  • Compartilhar princípios e objetivos (a partir de um manifesto vivo, construído e mantido pela comunidade local);
  • Estimular a cultura do empreendedorismo social (onde o empreendedor apoia o movimento, a partir de suas habilidades e sua rede, muitas vezes direcionando o foco do seu negócio para as demandas do movimento);
  • Compartilhar ferramentas com capacidade de potencializar os esforços existentes e construir novas iniciativas inovadoras.
Entre os exemplos de ferramentas coletivas,  podemos destacar: mapeamentos socioambientais, moedas sociais (locais e de rede), redes de micro financiamentos colaborativos (crowdfunding), utilização das mídias sociais para  engajamento, rede de empreendedorismo social, e todas estas ferramentas conectadas entre si (e a outras), em um grande movimento sinergético de colaboração mútua.
A onda…
Tudo estava caminhado muito bem, até sermos arrebatados por uma onda de proporções gigantescas, originada nos mares do norte (já com passagem por algumas cidades brasileiras). Mas esta não é uma onda comum, é uma onda que está inundando vários lugares do mundo com engajamento, consciência, participação e, principalmente, uma visão positivista de que podemos, com a força da nossa comunidade e a partir de mudanças em nossos hábitos do cotidiano, construir uma sociedade, realmente, sustentável.
Esta onda tem nome: Movimento das Cidades em Transição (Transition Towns).
Este movimento foi uma grata surpresa para nós, não só por abraçar os conceitos que estávamos propondo (na @Rede), mas por carregar uma experiência extremamente valiosa (capital intelectual), propondo uma série (continuamente incrementada) de ferramentas e boas práticas, vigentes em sua rede de mais de 352 cidades em transição, espalhadas por 31 países.
O Movimento das Cidades em Transição
“O movimento das Cidades em Transição (Transition Towns) foi criado pelo permacultor inglês Rob Hopkins com o objetivo de transformar as cidades em modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais integradas à natureza e mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas.”
O objetivo central do movimento é a busca pela resiliência comunitária. Resiliência é a capacidade de um organismo de suportar crises.
As crises mais debatidas no movimento são: o pico do petróleo (e seus impactos sobre uma sociedade dependente deste recurso), o aquecimento global e a desigualdade social. Acrescentamos, na nossa interpretação local, a crise de percepção (que envolve questões relacionadas a modelo de consumo, modelo de saúde e educação, entre outras).
A ferramenta prioritária do movimento é a “relocalização” que pode ser entendido como o fortalecimento das economias locais. A “relocalização” envolve a criação de mecanismos de produção, distribuição, consumo e empreendedorismo em geral, localizados nas comunidades e utilizando recursos locais. Ela trata, também, do desenvolvimento de opções de lazer, saúde, educação e etc, sem que haja a necessidade de deslocamento por distâncias que exijam meios de transporte.
É importante notar como o fortalecimento da economia local facilita a resolução de outros problemas que tanto debatemos. Por exemplo, não é muito mais fácil discutir mobilidade urbana, quando as pessoas, seus empregos e suas necessidades estão por perto? Qual seria o preço dos produtos orgânicos se não houvesse a necessidade de transportá-los por grandes distâncias, se não existissem os atravessadores e a produção tivesse a escala que sua comunidade necessita? E existe sensação de segurança maior do que viver em uma comunidade onde as pessoas se conhecem e interagem entre si?
Outros pilares de transição são: cooperação, participação, positivismo e confiança nas escolhas da comunidade.
Surfando na onda…
Quando recebemos as boas novas, advindas do Movimento de Transição, percebemos que não havia necessidade de nos desviarmos do caminho, já iniciado com @Rede, para entrarmos no caminho de transição. O que fizemos foi transformar os conceitos da @Rede em ferramentas para dar suporte ao Movimento.
A partir dai, iniciamos os 12 passos, sugeridos na Rede de Transição, normalmente executados pelas iniciativas em estágio inicial (vide o tópico “para saber mais”, abaixo).
O primeiro passo tem o seguinte enunciado: “#1. Estabelecer um grupo para a direção e preparar sua dissolução desde o início” e consiste em reunir pessoas que terão o papel de animar o movimento até que ele obtenha massa crítica, quando o grupo deve ser dissolvido e seus membros realocados para grupos de trabalho estabelecidos pela comunidade.
É muito interessante o conceito de dissolução aparecer no enunciado, isso fortalece o princípio, que já defendíamos, de um movimento sem proprietários ou comandantes!
Em que pé está o movimento de Transição em Piracicaba?
Ainda não somos uma iniciativa de transição oficial. Para isso, vamos participar do treinamento que acontecerá em São Paulo (http://migre.me/5NFrH), para apresentar nossas intenções, aprender com quem já faz e, principalmente, nos conectarmos a esta fantástica rede.
Enquanto isso não acontece, o grupo local vem caminhando para o segundo passo da metodologia: “#2. Aumento da sensibilização”. Neste passo, vamos promover atividades com o intuito de aumentar a compreensão quanto as crises fundamentais, na forma de exibições de filmes, apresentação de palestras, desenvolvimento de artigos e grupos de discussão, além da criação de um blog para repercutir esses acontecimentos.




A Transição é um movimento aberto, venha participar!

É muito importante reiterar que este é um movimento aberto, sem proprietários. Se você deseja fazer parte do grupo diretor provisório, por favor, entre em contato com ricardo@ecosofando.com.br.
Para saber mais sobre o Movimento Cidades em Transição
Filme – IN TRANSITION 1.0




Por:  é analista de sistemas, permacultor EM FORMAÇÃO, em processo de 'desentortamento' de valores